8. Paranoia - Eles vão fazer parar

| |

- Patrick -o olhei e ele novamente sorriu divertido-
- Mas por qual motivo ele estaria jantando conosco se não fosse seu namorado?
- Bom -Peter respirou- Eu sou apenas um amigo.
- Haa -Mamãe e Patrick abriram a boca-
- Que coisa Patrick -Murmurei acanhada
- Desculpe, só estava tentando ser legal
- Não, her, tudo bem -Peter franziu a testa
- Acho que se eu levasse uma garota para jantar e ela fosse vestida como se estivesse indo para um baile, acho que meus pais pensariam o mesmo -Peter sorriu
- É que a Grace nunca trouxe ninguém aqui-Mamãe falou
- Mãe -A olhei
- Ok, Grace. Eu e Patrick vamos subir, fiquem a vontade -Disse mamãe, e eu pudia ver o quanto aquilo havia mudado o modo como ela via-me, porque quem é que vai se interessar por uma esquizofrênica ? Ninguém, e por isso ela havia pensado que eu estava melhorando porque tenho a certeza de que o fato de que eu estava sentada ao lado de um garoto bonito, com um bronzeado de surfista a fazia pensar que ele pensava que eu estava bem, e se ele pensava que eu não tinha nada, ela pensava que estava progredindo, tenho até um certo receio, pois ainda vejo o garoto do balanço, que pra falar a verdade chama-me mais atenção do que Peter, o cara com o bronzeado legal, porem Peter  era o cara real  
- Ah, senhor e senhora Jones foi um prazer conhece-los -Peter  levantou-se apertando as mãos de ambos educadamente.
- O prazer foi nosso, é bom ver Grace trazer um amigo
- Obrigado, senhora -falou ele, respirei fundo e suspirei assim que os vi subir as escadas. Travis voltou a sentar-se ao meu lado.
-  Vamos lá pra fora, essa situação deixou-me com vontade de fumar um cigarro -ele falou, eu o olhei, parecia realmente nervoso
- Porque você veio vestido assim ?
- Você disse pra causar boa impressão
- É mas não era pra você vir desse jeito, e porque essa gravata de flamingos ? -não contive uma risada, ele se levantou com pequeno sorriso no canto dos lábios, levantei-me também. E pergunto-me porque aquele doce sorriso não me cativavas, porque ? Ha essa minha vida é cheia de malditos porquês.
- Ela da sorte, e seus pais gostaram de mim, isso quer dizer que se eu fosse seu namorado eles me aprovariam -caminhamos para a varanda, nos sentamos nas cadeiras de madeira que davam de frente para casa da senhora Meredite. ele acendeu um cigarro, aquele maldito cigarro que deixava aquele maldito cheiro impregnado  - Isso foi constrangedor -murmurei abraçando meu suéter rosa.
- Eu disse para você, não é só eu que penso assim -ele soltou a fina fumaça de seu cigarro fedorento
- Eles não estão acostumados com isso
- Você tem vinte anos, Grace. Como nunca trouxe ninguém aqui ?
- Simples -sorri para ele- Eu nunca namorei
- Então quer dizer que você é totalmente pura ? -ele riu e acomodou-se na cadeira-
- É, eu acho 
- Então quer dizer que talvez eu possa tirar sua pureza ?
- Não, Peter 
- Você não vai me recompensar por isso ? Deus, eu usei a minha gravata da sorte só pra impressionar seus pais, e você não vai me recompensar?
- Hmm -murmurei sem saber oque dizer a ele.- Se você não percebeu senhor Night, nós não estamos namorando, e eu não quero perder a minha "pureza" -eu ri e fiz aspas com os dedos- Com um cara que não é meu namorado
- É só sexo, Grace. Isso não importa muito, porque sexo é sexo ,vou ser sincero -ele soltou a fumaça do cigarro formando anéis, parecia tão fácil, tão bom.-A sua primeira vez vai doer, é melhor que doa comigo,juro que vai ser a melhor dor -Falou, e senti minhas bochechas esquentarem, mas não contive um risinho acanhado
- Bela maneira de me convencer
- Eu sou seu amigo, então posso dizer essas coisas
- Mas você esta flertando comigo, deveria saber que levarei isso em conta
- Que seja -ele sorriu- Mas pense nisso, sexo é sexo e primeira vez não é legal, não para as mulheres. Mas ai nós vamos praticando, mas vou voltar a te dizer que sexo, é sexo. Não importa se for a primeira segunda ou a terceira  
- Pode ser pra você.
- Grace -ele soltou a fina fumaça de seu cigarro e deixou a ponta do mesmo cair no chão, inclinou-se para perto da minha cadeira e sorriu.- Se eu pedir para namorar com você agora estarei sendo um completo babaca, porque só estarei interessado em te levar pra cama, agora, nesse exato momento porque seu suéter é sexy -Ele riu, e eu não tive como não acompanha-lo na risada, ele era irreverente, idiota, cretino, safado, mas de alguma maneira encantadoramente fascinante- Mas não vou fazer isso, porque você é uma garota legal, por mais que eu tivesse indo contra a minha vontade de te pedir em namoro agora só pra subir contigo, eu não vou fazer isso, porque você é minha amiga também.
- Eu não sou tão ingenua assim, Peter . -Falei revirando os olhos, ele sorriu e tocou meu rosto com a mão livre e beijou-me sem permissão, sem explicação, apenas beijou-me, e eu o beijei de volta. Aquele hálito de cigarro que me aborrecia nos lábios dele. Abri os olhos e ele sorria, porém não era exatamente ele, e sim o garoto do balanço, afastei-me bruscamente do mesmo e fechei os olhos, pedindo a Deus para que Peter voltasse.
- Você esta bem ? -Então era a voz de Peter dessa vez me chamando, abri os olhos e ele quem estava ali, apagando o cigarro e olhando-me com espanto e cautela
- Não... Não foi nada, eu só estou bem .. hã -levantei-me da cadeira e o mesmo acompanhou-me no movimento.
- Fiz mal em te beijar ?
- Não, não é isso é que -suspirei e cocei a testa- Acho melhor você ir
- Também acho, te ligo depois. E acho que dessa vez não precisarei pular a janela pra ir ao seu quarto -ele riu
- Se eu quiser deixar você subir não é mesmo?
- Ha -ele gargalhou- Esta com medo de ficar em um quarto sozinha comigo e não conseguir resistir a isso -ele sorriu com o canto direito, em uma tentativa falha de me seduzir
- Como você é idiota -respondi-o ele roubou-me outro beijo e então disse que iria. Oque pensar do grande Night? não sabia oque pensar, Mas estava claro, ele não estava necessariamente interessado em namoro, mas também acho que seria pedir de mais que ele estivesse, eu também não estava, ele não me cativavas, não me despertava, porém sua companhia era agradável, ele estava ali não é mesmo ? Ele existia.
- Eu não gosto dele -Ouvi a voz inconfundível do garoto do balanço e assustada o olhei. 
-Oque diabos você estava fazendo na minha cabeça de novo ? Porque sempre que estou com ele você tem que fazer isso ?
- Do que você ta falando ?
- Não se faça de inocente -Falei
- Eu não estava aqui, eu não me lembro de ter aparecido enquanto ele estava aqui 
- Claro que você estava ... Eu vi você no lugar dele 
- Não Grace, eu não estava
- Ok -respirei fundo- Então é isso ? Eu estou ficando louca? Mais louca do que já estava? Passei a te ver em todos os lugares é isso? 
- Eu já disse, nós não podemos controlar 
- Droga -novamente respirei fundo, sugando completamente o ar que pairava sob meu pulmão. Passei a mão entre os cabelos e suspirei - Desse jeito eu vou acabar em uma droga de um hospício 
- Se você não se controlar -Ele sentou-se na cadeira- 
- Me controlar? Vê se bota nessa droga dessa sua cabeça que você não existe, você não esta aqui. Você não é real, e não tem como eu manter o controle sabendo que você esta me enlouquecendo aos poucos -Gritei, e como resposta pude ouvir a porta sendo aberta. Mamãe e Patrick olhava-me talvez com horror, eles estavam ali o tempo todo ? Ou apenas para presenciar meu surto e minha discussão com o vazio, o nada. Dessa vez Justin não sumira, ficara o tempo inteiro ali, sentado. 
- Com quem você esta falando ? -Mamãe perguntou
- Com ... Com ninguém. Eu não estava falando 
- Você estava gritando, Grace. -Disse Patrick 
- Não estava -protestei, talvez fosse a hora de deixar de esconder aquilo 
-Por favor filha, você precisa nos dizer 
- Não diga, Grace -disse Justin- Não diga, sera seu passaporte para o sanatório 
- Eu não vou pra droga de um sanatório, cale a boca -sussurrei, porem não havia um porque daquilo 
- Grace, com quem você esta falando?  -perguntou mamãe novamente 
- Eu .. Eu não sou louca -virei-me para eles 
- Sim minha querida você não é, agora diga com quem esta falando 
- Não diga, Grace -ele se levantou 
- Eu preciso -o respondi virando o rosto para eles- Eles vão fazer parar 
- Grace, você esta me assustando -mamãe murmurou 
- Por favor, Grace. Não faça isso 
- Eles vão fazer parar, eu preciso da minha sanidade de volta -respondi-o 
- Eu posso ser real, Grace. -falou- Eu sou real
- Eu queria que fosse -fechei os olhos e suspirei voltando a olhar desta vez para mamãe 
- Por favor, Grace . Fale comigo -disse ela
- Eu voltei a ter alucinações, os pesadelos não parão e ele esta sempre aqui 
- Ele quem, Grace? -Patrick perguntou-me 
- Ele, vocês não estão vendo ? Ele esta bem ali -apontei com o dedo indicador 
- Não a ninguém ali Grace, não a ninguém -ele falou, e então pela segunda vez vi mamãe chorar baixinho, eu havia perdido qualquer pingo da minha sanidade, eu queria tanto que ele fosse real que doía-me o peito. 
- Por favor, não me levem pra um hospital psiquiátrico -sussurrei 
- Você parou de tomar os remédios ?
- Não, não parei eu os tomo todos os dias. Mas eles não fazem efeito, mamãe por favor não chore, eu ainda estou bem -caminhei até ela que soltou de Patrick e puxou-me para um abraço 
- Você não é louca minha filha. Você não é -com aquele choro baixinho ela sussurrou em meu ouvido como uma ratinha adoentada 


dias depois


— Faz tempo que não venho aqui. —Eu disse a Peter, quando me deitei ao seu lado naquele imenso parque, o céu azul pouco visto, era engolido por nuvens turbulentas, mas não indicava chuva. Peter Estava me ajudando aos poucos, mesmo o garoto do balanço insistindo em aparecer, eu começava a me acostumar com aquela ideia de que ele não tinha culpa daquilo, e que ele precisava de mim, então se eu não podia para-lo eu podia aceitá-lo, eu me consulto o dobro das vezes, comecei a contar as coisas pra doutora e me recomendou outros remédios, e uma nova bateria de exames psicológicos, ela costuma dizer que essa doença pode ser tratada, pode se conviver com ela, e eu queria acreditar que podia conviver com aquilo.
— Eu costumo vir aqui pra fumar com uns amigos.
— Hum. —murmurei recostando a cabeça em seu braço
— Sabe Grace, até que você esta me fazendo ter um pouco mais de visão sobre a vida.
—Éé?
— É, tipo, com você eu tenho mais consciência das coisas. 
— Só porque eu sou maluca? —Ri baixinho
— Não, é que você é uma garota legal e com problemas, e antes eu achava que pessoas com problemas eram pessoas desprezíveis e que não poderiam conviver comigo.
— Você esta me chamando de louca de uma forma gentil? —Levantei a cabeça para olha-lo
— Não, estou te chamando de garota legal.
— Eu só ouvi o “com problemas”.
— Sim, com problemas, e um deles sou eu.
— Sim, senhor Peter Night, você é um problema que precisa ser resolvido.
— Podemos resolver esse problema agora, meu apartamento esta vazio baby. —Ouvi sua risadinha sacana.
— Você é realmente incrível senhor Night.
— Sou só direto.
— Você nunca vai me levar pro seu quarto. —Ri
— Eu disse apartamento, então pode ser no sofá.
— Não tem graça Night.
— Estou brincando. 
De repente vi imagem do garoto do balanço sentado ao nosso lado, instintivamente fechei os olhos, ele continuava aparecendo em publico.
- Esta tudo bem Grace? 
- Sim, sou estou sendo um pouco louca agora. -respondi

Dia seguinte 

— Veja só. —Sorri para Justin que sentava em minha cama, e eu na janela pude conseguir que uma pequena borboleta laranja pousasse em meu dedo indicador.
— O que é isso? —Indagou ele, eu o olhei alargando o sorriso.
—Uma borboleta ora.
— Por que ela voa?
— Por que ela tem asas, e todo ser que tem asas vooa, como os anjos.
— E... Anjos são? —Ele quase gaguejou, parecia nem um remédio melhoria meus transtornos, então eu conviveria com ele, com tanto que mamãe não resolvesse me internar.
— São seres que protegem a gente.
— Eu queria proteger você.
— Você protege. — Sorri vendo a borboleta tornar a voar saindo pela janela, concertei ali podendo ver os poucos carros que passavam na rua.
— Então eu posso ser um anjo né? Não uma alucinação.
— Se um dia você voar eu acredito. — O olhei
— Eu esqueci de dizer... –Ele murmurou pondo as mãos no bolso da calça- Eu me esqueci de muitas palavras que li no dicionário, e hoje mais cedo, eu esqueci como se falava, como usava a voz, era como se eu não conseguisse pronunciar nem uma palavra se quer.
— O que acha que pode estar acontecendo com você? —Perguntei, ele negou com a cabeça
— Talvez seja o efeito do seu remédio. Você pode ter o que sempre quis não é? Que eu vá embora.
Por um instante eu desviei o olhar, guardando um suspiro na garganta, aquela conclusão poderia ser boa, mas eu não tinha tanta certeza, não tinha certeza se era o que eu realmente queria, eu tinha certeza, que só queria que ele fosse real.
— É, você esta certo. —Sussurrei
— Eu sinto muito ser um incomodo. Não queria que nada de mal acontecesse com você, como não queria causar sua internação.

Talvez a Grace possa desenvolver transtornos de bipolaridade como vocês podem perceber, ela parece "mudar" quando esta com ele a cada dia que passa, ela de repente esta com ele e depois pede ajuda para que ele suma como se tivesse medo, em fim, ela pode ter e não ter esses transtornos, mas será mais esclarecedor no final.  

5 comentários:

  1. Esse capitulo foi engraçado, ri com as palavras do Peter de tentar convencê-la a ir ao apartamento dele. Ficou muito bom esse capitulo, ainda mais que ele é grande. Continua e que o Peter não suma. Estou começando a gostar dele :). - (Sophia)

    ResponderExcluir
  2. Gente to com pena do Justin aff grace se é burra aff
    Continua tá perfeito

    ResponderExcluir
  3. Ai esse Peter é meio maluquinho né? rsrs
    Ai,o Justin não precisa desaparecer!! :(
    Continua Flor, esse IB tá demais!
    Beijos :*

    ResponderExcluir