7. Paranoia - Você é minha sanidade Grace

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Uma semana depois

- Como foi sua noite ? -Perguntou a doutora Katherine e eu suspirei  
- Normal -menti, dessa vez eu não falaria sobre ele, não diria que continuava o vendo, pois se eu continuasse com isso seria capaz dela pedir para
minha mãe internar-me em um hospital psiquiátrico por meses  
- Esta se sentindo melhor ?
- Sim 
- Você usou drogas, Grace ? 
- Não
- Quer me contar como fora o surto ?
- Eu não me lembro -menti novamente- A única coisa de que me lembro era que estava na sala de Peter com ele e Brazil e Anna na cozinha com Shepley  
- Oque você estava pensando na hora ? 
- Eu estava no vazio, e não havia ninguém. Depois lembro-me vagamente de ver um ser como se fosse de outro mundo, sombrio. E mãos puxando-me para a escuridão.. para o chão.. E a ultima coisa que lembro-me antes de literalmente apagar fora que eu estava na cadeira eléctrica, tentando soltar-me  e depois eu estava simplesmente me afogando
- Você tem certeza que não usou drogas, Grace ? 
- Tenho
- Você sabe que se tiver outro surto desses terá de ser internada não sabe
- Sei   

 Trinta minutos após uma longa conversa com a doutora Katherine , novamente eu me encontrava parada no meio fio, estava cedo faltavam dez minutos para que mamãe chegasse, ela passaria ao super-mercado primeiro . Olhei para a praça e ele estava lá, observando o velho balanço ranger alto e agudo, indo para a frente e para trás consecutivamente com o vento. Respirei fundo e atravessei a rua indo até o banco da praça que era de frente para o balanço azul que ele observava. Sentei-me ao seu lado e ele olhou-me, brevemente. Não disse nada  apenas voltou a observar o balanço  

- Você esta bem? -perguntei
- Eu costumava brincar aqui. Com meus pais, quando eu tinha sete anos. Me trás boas lembranças
- Você lembra onde eles moram? 
- Acho que não  
- Eu posso te ajudar a encontra-los  
- Mesmo? 
- Sim -falei e dei uma risadinha- Só não sei como vou fazer isso se você não lembra nem seu nome não deve lembrar o nome deles  
- Você tem razão  
- O balanço é a unica coisa de que se lembra?
- Sim -ele murmurou- Talvez por ser a minha única boa lembrança 
- Será que esse balanço esta velho e enferrujado de mais para nos aguentar -Perguntei-o após um longo silencio olhando para o balanço.  
- Acho que não
- Então vem -levantei-me e peguei-o pela mão o fazendo levantar , ele sorriu para mim como uma criança alegre em noite de natal, e agarrou minha mão de volta. Havia dois balanços, um ao lado do outro, pequeno de mais para nós dois, nos sentamos no balanço, e ele suspirou. O balanço ia para frente para trás lentamente com o movimento que fazíamos com os pés. E ouve o silêncio preenchido apenas pelo som do ranger do balanço azul, o céu estava nublado, frio de mais para aquela época do ano, mamãe não escolhera um bom lugar para se morar pois o tempo quase sempre estivera nublado, e triste, as nuvens engolindo o azul do céu e o calor do sol, em todas as estações do ano, era raro vermos o sol, era raro uma manhã quente como na califórnia, e era bom os dias raros que apareciam o sol 
- No que esta pensando ? -ele perguntou ainda segurava minha mão  
- No tempo -falei  
- No tempo ? 
- É, você já percebeu como tudo é triste com esse tempo ?  
- Eu gosto, quando ta frio e nublado eu acho que tudo fica melhor, bem você não soa, não tem mosquitos, sempre tem chocolate, os inúmeros casacos, como no natal, parece que todo dia é natal
- Eu não gosto -o olhei- Eu queria ver o sol todas as manhãs, sair pra caminhar em uma manhã ensolarada e sentir os raios de sol bater contra meu rosto, eu queria ver o azul do céu e o por do sol.  
- Talvez um dia eu te leve pra um lugar assim 
- Eu não sei se um dia eu vá ver esse sol  
- Por que ?  
- Minha mãe nunca vai sair da qui  
- Mas você pode ir sozinha  
- Não -murmurei e olhei para frente da clínica, onde eu sempre ficara, o carro de mamãe parava aos poucos, levantei-me soltei sua mão e enfiei as mãos no bolço do casaco  
- A minha mãe chegou  
- Te vejo mais tarde -ele disse  
- OK -respondi e caminhei apressadamente até o carro mamãe olhava-me atentamente enquanto eu atravessava a rua . Respirei fundo e entrei dentro do carro  
- Oque você estava fazendo ali ?  
- Te esperando  
- Naquele balanço ? 
- É   -dei de ombros

*  *  *
  
- Grace ? -A voz gulosa de Peter ecoava do outro lado da linha, eu estava ao lado de fora de casa, na varanda sentada na cadeira de frente para a rua, que bem, dava de encontro a porta da frente da senhora Meredite . Que desde que eu me sentara ali naquele fim de tarde e começo de noite, aparecera na janela com seu olhar cansado umas três vezes.  
- Oi, Peter -falei  
- Como você esta ? 
- Bem, acho que bem 
- Bom -ele disse e eu podia senti-lo sorrir nervosos do outro lado, era a terceira vez naquela semana que ele ligava para dizer aquilo- Eu queria me desculpar, eu não devia ter oferecido a você 
- A culpa não foi sua, Peter, eu quis, e eu sabia que não devia  
- Mas bem .. eu -Ele ficou um tempo sem dizer nada, mas  eu havia ficado contente que ele lembrara de me ligar, no minimo eu estava esperando que ele pelo menos perguntasse a Ana alguma coisa.  
- Você esta ai? -perguntei em um murmuro, eu sabia que ele estava, eu podia ouvi-lo respirar
- Sim .. É que eu não sei oque dizer, isso não acontece todos os dias . -ele fez uma grande pausa- Você vai voltar pra faculdade ?  
- Não  
- Você não quer voltar ? 
- Não é que eu não queira, minha mãe acha melhor eu não voltar  
- Ha  
- hmm 
- Posso ir visitar você ? 
- Quando ? 
- Hoje  
- Hoje? 
- Você tem planos pra hoje ? 
- Não.. Não exatamente -Respirei fundo, na verdade eu não tinha planos, o garoto do balanço apenas disse "te vejo mais tarde", mas aquele te vejo mais tarde queria dizer que ele voltaria não é mesmo, aquele te vejo mais tarde, queria dizer que ele voltaria mais tarde, e aquilo queria dizer que eu tinha planos para a noite não tinha ? Na verdade eu não queria que Peter  viesse a minha casa, por mais que eu gostasse de flertar com ele na faculdade. 
- Você vem para o jantar ?  
- Dá, você quer pular toda aquela parte do flerte, beijo, amasso, sexo e ir pro jantar em família ?-ele disse divertido e com um sotaque estranho, não contive um risinho sem jeito  
- Nem passamos do flerte,Peter  -falei- É um jantar de amigos  
- Eu não vou a jantares na casa de uma garota para jantar com os pais dela quando eu estou flertando com ela porque bem, eu não flerto com amigas  
- Você que sabe  
- Eu não posso só ir ai fazer uma visita ? 
- Você não vai pular a minha janela -falei respirando fundo em seguida  
- Eu sei, você não do tipo rebelde 
- Não, não sou. E não gosto de garotos pulando minha janela  
- Tudo bem, Grace. Eu vou para o jantar 
 - Ok, tente passar uma boa impressão. Minha mãe não gostaria de saber que eu tinha idiotas como amigos na faculdade  
- Se eu disser algo estranho me cutuque -ele riu- Eu nunca fui em um desses jantares, considere-se honrada senhorita Jones  
- Oh, estou me sentindo. Até mais, Night  - Até mais . 

 Desliguei o celular e fechei os olhos jogando a cabeça para trás, Peter  era grotescamente comum e o tipo de cara que eu evitei a minha vida inteira. E ainda tento evitar, porem evita-lo parece-me errado, Porque eu deveria evitar caras como Peter ? Exatamente, não havia porque eu querer evita-lo se eu nunca fui magoada por ninguém, não me dei ao luxo de me apaixonar por ninguém minha vida inteira, e a única coisa que eu sei sobre isso são as coisas que li em livros. Aquele mero clichê de que se o cara é bonito, fala bonito e tem um sorriso encantador, ele no final vai quebrar seu coração. E talvez por medo eu agarrei-me a aquele medo de acontecer aquele mero clichê comigo. Mas do que eu tenho medo ? De me apegar a um cara bonito ? De me apaixonar por ele ou ser magoada ? Talvez seja isso   
- Você anda pensando de mais, Grace -Ouvi a voz do garoto do balanço, abri os olhos e o olhei, ele estava sentado ao meu lado, era estranho, ele sempre estava com a mesma roupa, o mesmo cabelo estranhamente desarrumado, a pele pálida como leite, porém ele cheirava tão bem quanto qualquer outro cara, aquele cheiro familiar, de terra fresca e molhada, e por trás um vestígio de um perfume com o leve aroma de baunilha.  
- Talvez -sussurrei  
- Eu terminei de ler o dicionário -ele disse e olhou para frente, para a rua vazia e a escuridão da noite fazia o papel de engolir qualquer vestígio do dia  
- Onde você fica quando bem, não esta aqui ? 
- No balanço, sabe, é o único lugar que sei ir -ele falou- Com quem estava falando ? 
- O Peter
- O cara grandão?  
- Não, o Peter la da faculdade -Eu não contive uma risada-  
- Você gosta dele? 
- Acho que não
- Mas você fala muito com ele
- Dá -eu ri-Eu também falo muito com você, esta com ciumes ?
- Não, eu não sou gente, não sinto ciumes -ele voltou a olhar para mim-
- Mas você disse que era gente ora, como não é agora ?
- Eu tive bastante tempo para pensar, e você não acha isso estranho ? Você não acha que é estranho eu não me lembrar de nada ? Só você me ver ? Não acha que é estranho ?
- Acho, mas talvez a convivência contigo me fez acreditar que de alguma maneira você existe
- Bem, é um fato, eu existo. Mesmo sendo só para você eu existo
- Eu não falo mas de você para a doutora
- Por que ?
- Bom -deixei escapar um risinho desanimado- Acho que estou ficando louca
- Talvez esteja
- Você é minha loucura garoto sem nome
- Talvez você seja a minha sanidade, Grace Jones -Ele disse pausadamente, e ouvi o ranger da porta indicar que ela estava sendo aberta. levantei a cabeça na direção da mesma e Beijamin saia da mesma, com um largo sorriso de criança despreocupada
- Hey, Grace -ele correu até mim
- Com quem você estava falando ? -perguntou-me, e pela primeira vez o garoto do balanço continuara ali, inerme.
- Com meu amigo imaginário -falei
- Dá -ele riu e sentou-se em meu colo- Eu também tenho um amigo imaginário
- Mesmo ?
- Sim, o nome dele é Stailey, ele é grandão -falou- Qual é o nome do seu amigo?
- Ha, eu não sei -tirei os olhos de Beijamin e olhei para ele, que tinha um leve sorriso formado no canto direito dos lábios finos
- Ele ainda esta aqui ?
- Huhun -murmurei- Mas é segredo, ok?
- E onde ele esta ?
- Sentado do nosso lado
- Quem é ele, Grace ? -o garoto do balanço perguntou-me
- É o filho do meu padastro
- Oque ele disse ? -perguntou Beijamin
- Ele quer saber quem é você
- Ha -Beijamin acenou para Justin com os pequenos dedos como se pudesse velo e sorriu, sorriu como se estivesse se divertindo.
- Eu sou o Beijamin -falou
- Ele pode me ver ? -o garoto do balanço perguntou
- Você pode velo ? -perguntei a Beijamin
- Não -ele riu-
- Não conte isso a mamãe ok ? Ela não tem amigos imaginários então ela acha isso estranho
- Tudo bem


 * * *


 Peter  vestia-se estranhamente bem, aquele modo inglês que ele tinha para se vestir era encantador. Mas naquela noite ele estava com uma camisa de botões branca e uma gravata rosa  de flamingos, eu não sabia o porque daquela arrumação toda, era só um jantar , ele parecia nervoso, quase não falava, e quando falava não era algo muito interessante a ser conversado. Patrick querendo passar aquela impressão de "pai" amigo, sorriu para Travis enquanto cortava seu frango a passarinho e disse  



- Então você é o namorado da, Grace ? -Perguntou e Peter parou oque estava fazendo e quase engasgara-se com a comida

Não, ela não vai deixar de ver o Peter, pois ele sempre soube oque ela tinha, todos que andavam com ela sabiam, então o Peter não vai deixar de visita-la por esse incidente, e em quanto ao garoto do balanço, ela não o aceita, e não consegue aceitar o amor dele pois tem medo de perder de vez a sanidade, mas ela se conforma com a presença dele. Bom, espero que tenham gostado, até o próximo, comentem rápido que continuo rápido 

5 comentários:

  1. Leitora nova.
    Oh meu Deus que finc mas perfeita.
    Continua logo :)

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  2. Omg, cada vez me apaixonando por esse Ib
    Continua ok?
    Beijos :*

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  3. Travis é a mãe da Grace? Continua.. Quero saber mais sobre o garoto do balanço - (Sophia)

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    1. Me desculpe Sophia, foi erro meu, ao invés de Travis eu quis colocar Peter, desculpe mesmo.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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