10. Paranoia - Bem vinda ao inferno Grace

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Uma semana depois 


- Vá embora, você não existe, sai da minha cabeça, saí da minha cabeça -gritei tapando os ouvidos sentindo como se tivesse levado um soco no estomago. Ele tinha que ir, ele não poderia me deixar louca, por mais que de alguma maneira eu quisesse que ele ficasse, por que talvez eu o amava, amava ? Eu amava alguém inexistente? Uma alma penada talvez ? Não sabia oque ele era, só não queria que ele fosse apenas fruto da minha imaginação, e se ele era, eu tinha de fazer parar aquilo, porque talvez aquela frase não era apenas uma metáfora, o amor realmente me enlouqueceu. Porque desde que eu contei a mamãe e Patrick ele tem aparecido em todo lugar 
- Eu não posso -gritou . 
- Saí, por favor me deixe em paz, por favor . -chorei . 
- Você não pode fazer com que eu vá embora assim ,Grace, eu estou ligado a você .
- O que ? -levantei minha cabeça e ele olhava-me docemente, a porta do meu quarto abriu-se com um estrondo, Patrick estava lá a arromba-la como um touro. 
- Grace , Grace oque você esta fazendo ai querida -ele murmurou abaixando-se junto a mim e encolhi-me 
- Mande ele ir embora , por favor , tire ele da minha cabeça , faça isso parar . 
- Ele ? Ele quem ? -Patrick olhou em volta e o garoto do balanço ainda estava no mesmo lugar ainda estava ao mesmo lugar de pé perto a minha cama tão pouco preocupado com tudo aquilo . - Não á ninguém aqui , querida . 
- Não Patrick , não -gritei- Você não vê ? Ele esta bem ali -chorei apontando e Patrick acompanhou meu dedo , voltou seus olhos para mim e olhou-me atentamente como se eu estivesse doente - 

- Não á ninguém ali , Grace . -Seus olhos caíram tristemente , ele então tocou meus cabelos , eu havia enlouquecido.
- Por favor acredite em mim Patrick -sussurrei 
- Eu acredito, Grace -Ele abraçou-me com mais força e senti-o suspirar- Eu acredito -ele afogava meus cabelos enquanto eu tentava conter oque sentia, o garoto do balanço ainda estava ali, eu queria que ele fosse embora queria que ele deixasse-me em pais, mas também estava com receio do que queria. Patrick levantou-se ajudando-me a levantar, e só então percebi a presença de mamãe na porta, ela abraçava a si mesma, com um olhar amedrontado e apreensivo
- Você esta bem ? -Ela perguntou
- Acho que sim
- Eu vou buscar seu remédio -ela falou, e eu pensava que ela daria-me um daquelas abraços acolhedores, mas não o fizera, apenas virou-se saindo do meu quarto. O garoto do balanço estava sentado a cama, e parecia triste talvez, mas eu não estava a me importar com a tristeza dele. Eu só queria que ele fosse embora, o fato de eu querer que ele existisse estava deixando tudo pior. Patrick abraçou-me de lado, e caminhamos em silencio até a sala, onde mamãe estava a segurar um copo com aguá e um comprimido.
- Tome, vai te ajudar a dormir -Ela forçou um sorriso
- Eu não quero ficar sozinha -respondi o engolindo e devolvi o copo para ela
- Podemos ficar com você até você pegar no sono -Patrick falou
- Eu não quero subir pro quarto -respirei fundo- Ele esta lá- Você ainda não nos disse quem ele é -mamãe murmurou, e então sentei-me no sofá. Patrick soltou-me indo sentar em sua cadeira, mamãe sentou-se ao seu lado
- O garoto do balanço
- Que garoto, Grace ?
- O da praça em frente a clínica, eu tenho o visto a muito tempo de frente para o balanço, ele sempre observa com nostalgia o balanço ir para frente e para trás -Confessei, e senti o remédio fazer- E a um mês e meio ele vem falando comigo, ele sempre vai, some na escuridão, mas volta, volta como um anjo...
- E você contou a doutora sobre ele ? -Patrick perguntou-me, balbuciei enquanto deitava a cabeça no colo de mamãe, que parecia angustiada, eu não queria faze-la passar por aquilo, não queria decepciona-la.
- Contei, nas primeiras semanas eu contei, mas ela dizia que com os remédios ele sumiria .... Mas não sumiu. Nem por alguns dias
- Ele te faz mal ?
- Não -respondi em um tom sonolento, parecia que eu estava a delirar com o remédio- Ele é diferente -e então fechei os olhos deixando o sono me levar para outro universo, sem alucinações, sem preocupações 
Acordei e não estava em casa, não estava na clínica, nem em um hospital, muito menos na faculdade. A cama de metal tinha um colchão frio, e era coberta por um lençol cinza, o quarto sem janelas, com uma lampada iluminando somente metade do que deveria, estava quase escuro o lugar, caminhei até a porta e tentei destranca-la, ato falho não consegui faze-lo. O medo o desespero aparecera, oque diabos eu estava fazendo ali? Não era um pesadelo, precisei me beliscar para me certificar daquilo. Muito menos uma alucinação, a porta havia um pequeno espaço na metade dela com grades finas, como se desse para ver algo daquele pequeno espaço. Pus o rosto no mesmo e gritei
- Hey, tem alguém ai ? -Tudo que ouvi como resposta fora agouros, gemidos, um falatório que não dava para reconhecer oque era dito, pensei até em ter ouvido uma voz feminina falar hebraico. - Alguém pode me explicar oque eu estou fazendo aqui -Gritei mais alto
- Cale a boca vadia -Ouvi minha resposta, de frente para a minha porta eu pude ver outra porta, com aberturas igualmente a minha, e uma garota com uma aparência nada apresentável olhava para mim, como se eu fosse idiota, ou algo do tipo.
- Você pode me explicar oque eu to fazendo aqui? - Perguntei a ela, que dera uma risadinha exasperada, e deitara a cabeça no ombro.
- Você esta no inferno -falou.
- No inferno? -gaguejei, só porque eu era louca eu teria de ir para o inferno ? Loucos não habitam o paraíso? Não a oportunidade de viver com Deus ? Não eram dignos? Até os animais eram mais dignos que os que não tinham sanidade?
- Não é qualquer inferno, é o seu inferno -Ela riu novamente e acenou com os dedos saindo de perto da brecha na porta. Senti cada membro do meu corpo tremer. O meu inferno, aquilo ecoava pela minha cabeça, o meu inferno -BUM- o meu inferno, e então entendi, mamãe e Patrick haviam me internado, esse era meu inferno. Esse era meu medo, e eles haviam me colocado no inferno, eles haviam tornado meu medo a minha realidade, como se aquilo pudesse mudar em algo. Nunca ouvi dizer na internação de esquizofrênicos, eles não poderiam fazer isso. Esquizofrenia não era motivo para internação de alguém, eu era normal, eles não poderiam me internar, eu não era louca. Bati na porta com os punhos fechas e gritei, gritei o quanto podia, eles não podiam ter feito aquilo, gritei, gritei -BUM- como um animal perdido da mãe, chorei como uma criança no primeiro maldito dia de aula, gritei, fiz de tudo para que pudesse ser ouvida.
- Por favor me tirem daqui -Gritei  batendo na porta, e com meus gritos, pensei que havia incentivado o resto dos loucos ou psicopatas, porque um enorme alvoroço começou, nada de gemidos nada de agouros ou vozes em hebraico, só os gritos e suplicas..
- Parem com a gritaria -Ouvi alguém gritar então enfiei o rosto na brecha das grades novamente. Um enfermeiro estava parado em frente a minha porta no corredor vazio
- Hey, Hey você veio me tirar daqui? -Perguntei
- Tirar mocinha? Mas você acabou de chegar -Falou, e então ele abriu minha porta fazendo a gritaria aumentar. - Calem a boca -ele gritou de novo, e então segurou em meu braço puxando-me para fora do quarto
- A doutora quer falar com você
- Que doutora?
- Katherine.
- Aquela vadia -rosnei puxando meu braço de volta
- Não rosne, eu não sou um cachorro -ele disse
- E eu não sou louca
- Eu sei, mas você também não tem uma sanidade mental muito boa
- Isso não é motivo para me colocarem aqui, então era pros suídas estarem todos aqui, aqueles malditos também não tem uma sanidade mental muito boa
- Esta vendo ? -Ele disse enquanto caminhávamos para fora dos corredores- Você não tem uma sanidade mental muito boa -O ignorei, aquelas roupas penicavam, era como roupa de presídio, só que não eram laranjas, eram meio azuladas, cinzas talvez. Eu não entendia aquilo, aprisionavam as pessoas como se elas fossem criminosas? Ou até mesmo animais? Porque mamãe faria aquilo comigo? Porque Patrick a deixaria fazer aquilo? Não tinha um porque, mamãe me amava , certo? Então porque ela me pois no meu inferno? o homem de branco deixou-me em frente a uma porta branca, longe dos corredores, fazendo não ouvir mais nada, não havia gritaria, nem agouros, nem barulhos de socos e ponta pés nas portas, só o silencio, o silencio de uma tarde calma e sem nem um rastro do sol, digo isso porque enquanto caminhava até a porta passei por um corredor com uma grande porta, que dava de encontro a um jardim, com bancos, cadeiras espalhados pelo mesmo. E algumas mesas, daquelas que se encontra em praças, mesas com jogos de xadrez encima, ou algo idiota do tipo.
Entrei na sala, sem bater ou qualquer cerimônia. Seja lá o maldito que me pois aqui, uma das culpadas era ela.
- Mandou me chamar, doutora ? -Perguntei sentando-me a sua frente, ela levantou os óculos no nariz e balançou a cabeça.
- Oh, Hér.. Sim mandei
- Vai me dizer oque eu estou fazendo aqui? -Perguntei.
- Sua mãe achou que era melhor
- Melhor pra quem? Me diz? Que direito ela tem de me prender como um animal? Hem? Que direito ela tem de me por no meu inferno?
- No seu inferno ? -Ela perguntou
- A minha pergunta não foi retórica -falei cruzando as pernas- Por tanto eu quero uma resposta
- Você não consegue mais controlar as alucinações, Grace. Porque não me disse que continuava o vendo
- Porque você não fez mudar nada, Doutora de merda. -Gritei sem conter o irritamento, como se aquela pessoa não fosse exatamente eu, eu nunca gritei com alguém que não fosse minha mãe, nunca ofendi ninguém, mesmo sabendo que devia-
- Os remédios fazem parar as alucinações
- Não os que você me recomendou, as alucinações nunca pararam, esses remédios nunca o fizeram parar
- Porque você não me disse ?
- Pra evitar isso, eu evitei até onde eu pude doutora. Eu deveria ouvi-lo e não dizer nada a mamãe
- Eu poderia lhe passar outros remédios
- Quer saber ? -levantei-me e respirei fundo- Você é uma psiquiatra de merda mesmo, tudo que sabe dizer é oque poderia ter feito , sendo que você sabendo daquilo não fez nada. -Não esperei que ela me respondesse , não esperei que ela dissesse uma palavra. Eu me contive, tive vergonha do que eu tinha por anos, mas dessa vez eu não ligava, dentro de mim algo dizia "Eu sou gente como todo mundo é gente", e aquela voz dele, ele estava certo. Eu sou gente, e não sou louca, se sou esquizofrênica, ou se tenho alucinações, eu continuo sendo humana. E pra que mudar oque eu era? Nesse mundo somos todos loucos, uns loucos filhos da puta, e eu tenho o minimo de sanidade para perceber isso. Parei de andar quando o garoto do balanço entrou, ele estava de jaleco, e não tinha uma aparência detestável, seu rosto estava corado, e seus olhos tinham um brilho incontestável. Seu olhar não sustentou o meu por muito tempo pois ele olhou para Katherine e murmurou me assustando completamente 
- Mandou me chamar doutora? 
- Sim, claro Justin, queria que você mostrasse a clínica para a Grace, já estaremos no horário vago para atividades e ela precisa de um instrutor.
- Você consegue vê-lo? -Gaguejei a olhando, e toquei o ombro do garoto do balanço, que agora simplesmente sei seu nome. - Como consegue vê-lo? Eu tentei mostra-lo para todos a tempos, e agora você simplesmente aparece? 
Justin olhou-me um bocado confuso 
- Do que esta falando Grace? Justin é o nosso enfermeiro a quatro anos. É claro que conseguimos vê-lo. 
- Ele é o garoto do balanço. -Virei-me para Justin sem evitar o olhar surpreso, e com receio disse: - Fale pra ela, fale que sempre esteve parado no balanço, e que vem falado comigo. 
- Desculpe senhorita, eu não conheço você. 

HAHAHAH, risadinha maléfica, o que vocês acham que esta acontecendo? Será que na verdade esse "garoto" do balanço nunca existiu? E ela é uma maluca mesmo? Comentem, até outra hora, bye. 

6 comentários:

  1. Vc cafunde eu poxa Kkkk
    Cara continua poxa não creio que o garoto do balanço e "verdade " ele pode ser a sanidade dela né 😻

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    1. A sanidade dela? kkk comassim? Não entendi.

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    2. Não tem como ele ser de verdade
      Eu também não entendi essa de sanidade 😂😂😂😂

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  2. Sei lá... Mas acho, que ela vê o "garoto do balanço" como as pessoas vêem ela... Confuso não kkk
    ContinuAAAAAAAAAA!!!
    - Erika =}
    P.S. Nada não...
    Kisses no Jerry =3

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    1. Me explica isso, não entendi,kkkk é sério. Buguei com esse pensamento seu

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